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Pontalina

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Pontalina
  Município do Brasil  
Praça Alfredo Nasser - Pontalina - Goiás
Praça Alfredo Nasser - Pontalina - Goiás
Praça Alfredo Nasser - Pontalina - Goiás
Símbolos
Bandeira de Pontalina
Bandeira
Brasão de armas de Pontalina
Brasão de armas
Hino
Gentílico pontalinense
Localização
Localização de Pontalina em Goiás
Localização de Pontalina em Goiás
Localização de Pontalina em Goiás
Pontalina está localizado em: Brasil
Pontalina
Localização de Pontalina no Brasil
Mapa
Mapa de Pontalina
Coordenadas 17° 31′ 33″ S, 49° 26′ 56″ O
País Brasil
Unidade federativa Goiás
Municípios limítrofes Mairipotaba, Morrinhos, Cezarina, Edealina, Cromínia, Aloândia, Joviânia, Vicentinópolis, Piracanjuba, Edéia
Distância até a capital 120 km
História
Fundação 1938 (86 anos)
Administração
Prefeito(a) Édson Guimarães de Faria[1] (MDB, 2021–2024)
Características geográficas
Área total [2] 1 436,954 km²
População total (IBGE/2022[3]) 18 843 hab.
Densidade 13,1 hab./km²
Clima Tropical com estação seca (Aw)
Altitude 610 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 75620-000
Indicadores
IDH (PNUD/2000[4]) 0,805 muito alto
PIB (IBGE/2008[5]) R$ 168 225,649 mil
PIB per capita (IBGE/2008[5]) R$ R$ 15,080,64
Sítio http://www.pontalina.go.gov.br (Prefeitura)
http://www.camarapontalina.go.gov.br/ (Câmara)

Pontalina é um município brasileiro do estado de Goiás, pela bacia do rio Paranaíba, com uma população estimada de 18.843 habitantes em 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município abrange uma área total de 1.437 km², resultando em uma densidade demográfica de 12,48 habitantes por quilômetro quadrado. Tem 15.026 eleitores, um PIB per capita de R$ 15.080.034,64 e destaca-se como um importante polo de moda íntima do Estado de Goiás.

Dinâmicas de ocupação pela Bacia do Paranaíba e a Origem do Povoado do Pontal

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Presença indígena e quilombola e a tomada de fronteira

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Mulheres Kayapó, Estado do Pará, Brasil

Antes da chegada dos geralistas, a região onde hoje é Pontalina, era habitada pelos indígenas Caiapós, chamados assim por seus inimigos Tupis. Os Caiapós lutaram bravamente contra os lusos-brasileiros, principalmente ao longo setecentista, para proteger seu território, conhecido como "Sertão do Gentio Cayapó".

No início da colonização de Goiás, incursões [dos indigenas] caiapós ameaçaram a estabilidade dos arraiais do ouro e, principalmente, o tráfego pela estrada do Anhanguera. A resistência caiapó já era conhecida dos paulistas desde as primeiras bandeiras em Goiás (LOURENÇO, 2005, p. 53)[6]

Mapa da Capitania de Goyaz (1750) onde se observa o "Certão do Gentio Cayapó", pelo sul goiano, como também a Rota do Anhaguera (risco pontilhado)

Na segunda parte setecentista, o ponto principal de irradiação populacional que ocupou o extremo oeste da bacia do Paranaíba, que abrange o sul e sudoeste goiano e o Triângulo Mineiro, situava-se a sudeste da província de Goyaz, ao longo da rota que conduzia às minas de Goiás. Nessa região, as províncias de Goiás, Minas Gerais e São Paulo se encontravam sem uma delimitação precisa dos limites entre elas. Para apoiar a defesa contra os ataques dos indígenas cayapó (gentio/ não manso) aos viajantes deste caminho aldearam indígenas mansos (os Araxas, por exemplo), aliados dos mineradores, na tentativa de conter os ataques cayapo ao longo dessa estrada.

Ao mesmo tempo, comunidades quilombolas — com destaque para o Quilombo do Ambrósio - estabeleceram-se nas imediações dessa zona fronteiriça, o que resultou em vários conflitos entre mineiros luso-brasileiros, indígenas (gentis e aldeados) e quilombolas.

Figura 1: ferramenta de pedra (Pedra de Raio) achada por fazendeiros, na cabeceira do Ribeirão Mateiro, próximo à cidade de Pontalina; Fonte: ROSA, Antonio Henrique. História de Pontalina: Origem do Lugarejo do Pontal no Contexto da Ocupação da Bacia do Paranaíba Oitocentista. Artigo, 2024.
Ferramenta de pedra indígena (Pedra de Raio) achada por fazendeiro, na cabeceira do Ribeirão Mateiro, próximo à cidade de Pontalina.

Sobre esse período pela bacia do Paranaíba, Rosa (2024) comenta que:

Enquanto as contendas indígenas objetivavam expulsar as ameaças de seu território (já relatadas anteriormente), os mineradores percebiam que o ouro não era infinito, sendo levados a procurar novas áreas ou abandonar essa atividade. Ao mesmo tempo, as comunidades quilombolas lutavam para manter vivo o sonho de liberdade, o que prejudicava a arrecadação, além de comprometer o domínio regional da coroa, isso levou-a organizar expedições para controlar essa fronteira, resultando em intensos conflitos e muitas mortes. Mais tarde, com toda a área já dominada, o sistema pecuarísta começou a ganhar forma, impulsionado pelo esgotamento das terras de plantio no centro da província de Minas, o que empurrou mais pessoas para essas zonas de fronteira (ROSA, 2024. p. 20)[7]

Isso perdurou até as últimas décadas setecentistas, quando a região foi dominada por geralistas e, a partir de 1800, o processo de povoamento se intensificou, resultando no surgimento de vários lugarejos pela bacia que, em poucos anos, construíram capelas e se transformaram em patrimônios (curatos), e, mais tarde, em arraiais. Nesse contexto, ocorreu a transferência de parte das terras do "Sertão do Gentio Cayapó", de Goiás para Minas Gerais, que passaram a ser chamadas de Sertão do Farinha Podre.

Em complemento, em 1822, o país se torna independente o que libera as terras da coroa para a tomada. Todos esses eventos facilitaram a rápida ocupação da região. Na extremidade desse sertão, Uberaba emergiu, herdando a população do antigo Arraial do Desemboque.

Pelo sul goiano, passa a surgir vários lugarejos que - ao ser convertido em curato - incorporam nomes de santos a seus topônimos, Pelo fato, os ranchos de oração foram transformados em capelas. Em 1813, por exemplo, o povoado de Campininha das Flores, torno-se Patrimônio de Nossa Senhora da Conceição das Campinas, hoje um bairro de Goiânia. Em 1835, o povoado do Alemão converte-se em São Sebastião das Palmeiras do Alemão (Palmeiras de Goiás), e, em 1837, Jataí surgiu como Patrimônio do Divino Espírito Santo do Jatay.[8]

O lugarejo do Pontal foi elevado a curato sob a denominação de Património de Santa Rita do Pontal (Pontalina) em 03/05/1841; o lugarejo do Córrego do Barro Preto tornou-se o Património do Divino Pai Eterno do Barro Preto (Trindade) em 1843, ano em que o Povoado da Capelinha foi renomeado para Patrimônio de Nossa Senhora D’Abadia da Capelinha (Quirinópolis). Em 1845, o povoado dos Três Morrinhos se tornou Patrimônio de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos (Morrinhos), e em 1846, Rio Verde das Abóboras virou o Património de Nossa Senhora das Dores do Rio Verde (Rio Verde). lugarejo de Caldas Novas foi elevado a patrimônio de Nossa Senhora do Desterro de Caldas Novas em 1850, e, por fim, em 1860, lugarejo de Bananeiras tornou-se o Patrimônio de São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba).[9]

Sobre o lugarejo do Pontal, é possível notar que este possui uma história muito mais longa do que a que se celebra atualmente, considerando que sua emancipação, em 31 de outubro de 1938, marcada como o "aniversário" da cidade. Na verdade, sua trajetória abrange mais de 190 anos de ocupação regional, refletindo um passado que vai além de sua formalização como município.

Chegada dos primeiros geralistas ao Pontal

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As primeiras famílias de geralistas — imagina-se que tenha sido aproximadamente sete — a se estabelecerem na circunferência do pontal onde mais tarde surgiria Pontalina vieram principalmente do Alto Paranaiba (Brumado, atual Patrocínio) e região central do Farinha Podre (Berabinha - atual Uberlândia), atraídos pela disponibilidade de terras férteis para a pecuária. Essa ocupação se deu na forma de expropriação fundiária de terras indígenas espontânea e sem registros formais, aproveitando a instabilidade política e legislativa no Brasil após a independência em 1822.

Justiniano José Machado foi o primeiro geralista a se estabelecer na região do Pontal, nas proximidades da foz do Ribeirão Mateiro, nos últimos anos da década de 1820. Nativo da região de Patrocínio (anteriormente chamada Brumado do Salitre), deve ter nascido no acender das luzes oitocentista. Há indícios que ele seja, se não filho, parente próximo de João Ferreira Machado e Vitória Maria da Conceição, um casal que possuía terras na região do lugarejo do Brumado. Chegou à região do Pontal ainda solteiro, provavelmente através de alguma expedição sertanista de reconhecimento, prática comum naquele período em toda região do Paranaíba durante a seca, e estabeleceu-se em um local estratégico com floresta menos densa e acesso à água. Ao instalar-se, Justiniano construiu um rancho, o que marcava a posse da terra na região, e posteriormente voltou para buscar, Felicidade Alves de Rezende.

[10] Fragmentos de cerâmica indígena - provavelmente cayapó -encontrados por agricultores na zona circunvizinha do Pontal (em torno de Pontalina)

Felicidade Alves de Rezende, natural da região de Berabinha (atual Uberlândia), era provavelmente filha ou parente próxima de José Alves de Rezende e Antônia Rosa da Costa, que se estabeleceram naquela região por volta de 1816. Ela deve ter nascido logo após a chegada de sua família à região do Berabinha e se casado muito jovem com Justiniano, seguindo para o Pontal logo após o matrimônio.

O registro post-mortem do casal não detalha as circunstâncias em que se conheceram, ou se eram aparentados. Saint-Hilaire (1975, p 109) notou que os escassos habitantes do sul de Goiás pareciam “todos aparentados uns com os outros" (p. 105). Ele ainda afirma que "no sítio do Pari, próximo a Bonfim (Silvânia) de Goiás, os numerosos moradores são todos parentes uns dos outros" (ROSA, 2024, p.47).[11]

A nova família se instalou definitivamente na região por volta de 1830, essa chegada ao Pontal insere-se no contexto mais amplo de ocupação de terras indígenas devolutas bacia. As primeiras famílias que chegaram, a partir de 1822, como os Machado, não registraram suas propriedades oficialmente, algo comum após o fim do sistema de sesmarias. A regularização das terras apenas foi realizada muito posteriormente ao falecimento dos primeiros ocupantes.

Não seria um erro acreditar que a escolha do local para o aglomerado de ranchos no Pontal possivelmente se deu por antigas coivaras ou aldeia indígena abandonada, que ofereciam áreas já desmatadas o que facilitava a vida das primeiras famílias. A convergência de cursos d'água na região, formando um "pontal", tornava o local estratégico para o acesso e uso dos recursos hídricos. A constatação da presença indígena, provavelmente dos Cayapó, é corroborada pela facilidade de encontrar vestígios arqueológicos, como ferramentas de pedra e fragmentos cerâmicos - imagens acima - encontrados na periferia da atual Pontalina. Esses achados indicam que a área já era povoada muitos anos antes dos geralista chegarem.

Primeiras Habitações Geralistas e a Evolução do Rancho de Oração

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Exemplo de um lugarejo pela bacia do Paranaíba

Por toda bacia do Paranaíba, que abrange Goiás e Minas, o iniciar de um lugarejo, ocorria com a escolha de um local propício, onde se instalavam amontoados de ranchos, habitações feitas de madeira e cobertas com palha de palmeira, geralmente um para cada fazendeiro da circunferência. Um desses ranchos era denominado de "rancho de oração" (provisório).

No caso específico do Pontal, observa-se que as famílias que chegaram no início seguiram os padrões e normas de instalação de outras localidades "mães", que surgiram na tipologia de simples bairros rurais com algumas habitações (ranchos). Posteriormente, pela doação do local à cúria, a instituição religiosa autorizava conversão do rancho de oração em capela, o que colocava a comunidade no mapa. Essa constatação pode ser observada em localidades como Patrocínio, que teve seu início na Fazenda Brumado dos Pavões, onde o lugarejo de Brumado do Salitre surgiu devido a um bebedouro de água salobra adequado ao gado (ROSA, 2024, p. 44).[12]

Pelo Pontal, a partir de 1830, e, ao longo dos 10 primeiros anos, foram chegando mais geralistas que se instalaram em sua periferia. Por diante, cada fazendeiro novo, buscava construir, no lugarejo, uma habitação (rancho) para sua família. As primeiras moradias dessas famílias eram ranchos simples, construídos com madeira e cobertos com palha. Essas construções precárias refletiam a pobreza e as dificuldades enfrentadas por esses primeiros. A vida social e religiosa se concentrava em um desses ranchos, conhecido como "rancho de oração". Esse espaço, comum em todo Paranaiba, servia inicialmente para as celebrações religiosas, realizadas por padres itinerantes, e também como local de encontro da comunidade.

Em 03/05/1841, com a doação de terras à cúria da Igreja Católica por Justiniano José Machado e Felicidade Alves de Rezende (dez anos após o casal se instalarem na localidade), o rancho de oração foi substituído por uma capela de taipa de mão, selando definitivamente a instalação do lugar é o coloca sobre a assistência religiosa de Campininha das Flores (Bairro de Campinas)[13] que passa a ser denominado de Curato ou Patrimônio de Santa Rita do Pontal vinculado a Bonfim (Silvânia). Essa doação consolida a posse das fazendas ocupadas pela região, através da "lei do padroado",[14] com a Igreja a assumir a administração dos povoados até sua emancipação.

No site da Matriz de Campinas, em Goiânia, há uma lista de padres do período, e imagina-se que esses sacerdotes tenham dado assistência ao Patrimônio de Santa Rita do Pontal até sua transferência para a assistência religiosa de Morrinhos. A lista inclui os seguintes párocos: Padre Basílio Antônio de Santa Bárbara Almeida (1843-1856), Padre João Francisco Azevedo do Nascimento (1856-1871), Cônego José Olintho (1871-1874) e Padre Luiz Manoel dos Anjos (1874-1876) (ROSA, 2024, p. 38).[15]

A capela, inicialmente uma construção simples, passou por uma reconstrução em 1869, que a transformou na "igrejinha velha". Essa ação demonstra o esforço da comunidade em consolidar o patrimônio. A "igrejinha velha" se tornou o centro da vida social e religiosa de Pontalina, até sua demolição em 1957, quando foi substituída (demolida) para dar lugar a atual Matriz Santa Rita de Cássia.

Economia de subsistência e inexpressividade no século XIX

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A economia do Patrimônio de Santa Rita do Pontal em boa parte do século XIX era, como de muitos povoados da região, baseada na agricultura de subsistência e na criação de gado em pequena escala. O seu comércio era inexpressivo e as famílias produziam o que consumiam, com poucos excedentes para venda. Essa economia de subsistência, com pouco dinheiro em circulação, explica a ausência de registros sobre a escravidão em Pontalina. É provável que a mão de obra escrava fosse pouco utilizada devido ao alto custo de um escravizado e à baixa capacidade de investimento das famílias. A presença de ex-escravizados no arraial após a abolição sugere que a escravidão pode ter existido, mas em escala reduzida.

Durante essa fase, as antigas picadas deram lugar a novas redes viárias, transitadas por carros de boi, que conectavam os recém-criados lugarejos ou patrimônios a Uberaba, já na primeira década da segunda metade oitocentista. Isso também foi possível devido ao estabelecimento de relações comerciais envolvendo produtos essenciais, como gado, banha (manteiga de porco), charque (carne seca), açúcar mascavo (rapadura), aguardente (pinga) e outros gêneros alimentícios, além de sal, bebidas, artigos de armarinho, tecidos finos e perfumarias (ROSA, 2024, p. 33).

A construção de estradas conectando Uberaba a Morrinhos, e esta, a Palmeiras, colocou o Patrimônio de Santa Rita do Pontal no mapa — a partir de 1870 — o que representou um passo importante para integrar o povoado à economia regional. A partir de então Pontalina passou a ter maior acesso a produtos manufaturados e a comercializar sua produção, ainda que de forma limitada, como também, a receber novos moradores interessados em terras baratas.

Evolução política do Pontal

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A tabela cronológica ilustra essa trajetória do lugarejo do Pontal ao longo do século XIX.

Cronologia da história de Pontalina no oitocentista
Ano Evento
1 1826 - 1830 ? Começo do apossamento territorial regional por geralistas vindos inicialmente da região alto Paranaíba (Patrocínio) e região central do Farinha Podre (Uberlândia).
2 1830 - 1841 ? Período que marca o iniciar do lugarejo do Pontal, com a construção de vários ranchos, com um sendo escolhido para ser a "Casa de Oração" (Rancho de Oração), que servia de local de encontro religioso e comunitário do lugarejo.
3 1841 Ano de doação das terras do lugarejo do Pontal a Cúria, com "Casa de Oração" sendo convertida em Capela de Santa Rita do Pontal. O rancho é substituído por uma capela de taipa de mão. Concomitantemente, o povoado recebeu a denominação oficial de Patrimônio de Santa Rita do Pontal. Esse ano marcou o assumir, pela igreja, do lugar, com este sendo vinculado a Bonfim (Silvânia).
4 1853 Campinas é elevada a condição de freguesia, com sua capela sendo convertida em paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Campininha das Flores (Campinas, hoje bairro de Goiânia) que, por sua vez, passou a fazer parte da circunscrição do distrito de Bonfim (Silvânia). Nisso, a capela de Santa Rita do Pontal passou a estar vinculada a essa assistência eclesiástica desta freguesia.
5 1855 Cria-se o distrito de Pouso Alto (Piracanjuba), pegando parte do distrito de Santa Cruz de Goiás e Bomfim. Na mesma data a igreja católica determina a criação da 31ª freguesia, surgindo a paróquia Nossa Senhora da Abadia.
6 1857 Bonfim é elevado à condição de cidade e seu município é criado a partir da divisão de Santa Cruz.
7 1869 Autorizam-se os moradores do Curato de Santa Rita do Pontal a reforma capela (construção da antiga igrejinha). No mesmo ano Pouso Alto (Piracanjuba) é elevado a condição de Município.
8 1871 Cria-se o município de Vila Bela de Morrinhos ou, segundo outros documentos, Vila Bela de Nossa Senhora do Carmo de Morrinhos, com território desmembrado do município de Pouso Alto (Piracanjuba).
9 1874 A assistência religiosa do curato de Santa Rita do Pontal passa a freguesia de Vila Bela de Morrinhos, desanexando-se de Campinas, que no período estava sob a responsabilidade do Cônego vigário de Pouso Alto (Piracanjuba).
10 1875 Tentativa de elevar o Patrimônio do Pontal à condição de Vila (Arraial), o que significaria a elevação da capela a paróquia, todavia, a elevação não foi efetivada, e a Capela de Santa Rita, continuo com essa designação (o que sugere que o local ainda não possuía 60 habitações, contudo estava bem próximo desse número).
11 1875 Cria-se o Distrito de Santa Rita do Pontal e o transfere para a jurisdição da Vila Bela de Morrinhos, desvinculando-se do Arraial de Campinas e da cidade de Bonfim (Silvânia). Isso incluiu a transferência tanto da assistência religiosa, anteriormente prestada pela paróquia de Campininha das Flores (Campinas), quanto da administração, subordinada ao município da cidade de Bonfim.

Fonte: ROSA, Antonio Henrique. História de Pontalina: Origem do Lugarejo do Pontal no Contexto da Ocupação da Bacia do Paranaíba Oitocentista. Artigo, 2024.[16]

  • Administrativamente: O surgimento do lugarejo do Pontal (por volta de 1830) se deu subordinado a Bonfim (Silvânia), ficando sob essa jusrisdição por um período de 34 anos, até 1875, quando passa a Vila Bela de Morrinhos.
  • Eclesiasticamente: A Capela de Santa Rita do Pontal esteve sob a jurisdição sinodal de Campininha das Flores (Campinas) desde sua oficialização em 1853 até 1874 (aproximadamente 22 anos), quando passou a integrar a freguesia religiosa da Vila Bela de Morrinhos, permanecendo por um período de 60 anos, até sua emancipação. Neste contexto, Foi criado a distrito de Pontalina sendo este também colocado sobre a admistração de Morrinhos.

Influência de Uberaba

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Uberaba, consolidada como um importante centro comercial e salineiro a partir da década de 1830, sua economia exerceu grande influência na regional, incluindo Itumbiara, Goiatuba, Morrinhos e Pontalina. O comércio de sal e manufaturados era dominado por comerciantes uberabenses, que ditavam os preços e controlavam as rotas comerciais que abrangiam o triângulo mineiro e o sul goiano. Rosa (2024), comenta essa fase através do relato o senhor João do Vico, um velho carreiro de Pontalina, então com 86 anos, em uma conveça informal, em 2002. Segundo o pesquisador o velho carreiro

contou que seu pai, na virada do século XIX, possuía um pequeno engenho nos arredores de Santa Rita do Pontal. Lá, produzia cachaça e açúcar mascavo (rapadura), que levava para vender em Uberaba ou Araguari, de onde também trazia tecidos, querosene, sal e arame. As viagens de carro de boi até Uberaba duravam 40 dias, e até Araguari, 30 dias, e eram feitas no período da seca, devido às precárias condições das estradas e à ausência de pontes para cruzar rios e ribeirões ao longo do trajeto. Ele afirmou que nessas travessias, usavam-se balsas, sendo a maior concentração de balseiros no porto de Santa Rita (ROSA, 2024, p.42).[10]

A instalação de rotas e caminhos, seguida pela construção de estradas, possibilitou a integração da bacia do Paranaíba, com Uberaba assumindo a liderança e Morrinhos como uma de suas parceiras no sul goiano. Em 1871, a construção da estrada ligando Uberaba a Morrinhos e, por sua vez, a Vila do Alemão (atualmente Palmeiras de Goiás), a pedido de comerciantes uberabenses, destaca a influência econômica de cidade na região. Essa via, juntamente com outras estradas auxiliares construídas pelas comunidades locais, como como a que ligou Pontalina a esse trajeto, facilitou a conexão do povoado às rotas comerciais, impulsionando seu desenvolvimento.

Mito originário da doação de terras

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Versão oficial

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A versão mais difundida, baseada em documentos históricos como a Certidão Pública extraída dos autos de divisão da Fazenda São Lourenço, aponta Justiniano José Machado e sua esposa, Felicidade Alves de Rezende, como os doadores de uma área de aproximadamente 200 alqueires para a Igreja Católica em 3 de maio de 1841. Essa doação permitiu a conversão do rancho de oração em capela de taipa de mão o que elevou o povoado à categoria de Patrimônio de Santa Rita do Pontal.

A Certidão Pública extraída dos autos de divisão da Fazenda São Lourenço deixa claro que: "[...] às folhas 16, do livro 3-B, [...] consta o registro do teor seguinte [...]. Denominação: Patrimônio de Santa Rita. [...] Um terreno contendo a área de mais ou menos 20 alqueires no perímetro urbano e 59 alqueires no perímetro suburbano. Adquirente: Patrimônio de Santa Rita, hoje Diocese de Itumbiara. Transmitente: Justiniano José Machado e sua mulher Dª. Felicidade Alves de Rezende. [...]" (ROSA, 2024, p. 61).[17]

Narrativa oral

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Uma narrativa oral, mencionada por Antonieta (2006[18]), atribui a doação das terras a Justo José de Magalhães, supostamente em agradecimento a Santa Rita pela cura de sua esposa. Essa versão, no entanto, é contestada, pois não encontraram registros documentais que a sustentem. A ausência de documentos e a incongruência temporal da narrativa oral (o nascimento de seu filho Macário em 1873 sugere que o casal Magalhães chegaram a capela do Pontal depois da doação) indicam que provavelmente chegaram após a construção da Igrejinha Velha, possivelmente por volta de 1870.

O argumento de mito originário do Pontal, que atribui aos Magalhães o papel de donatários, não diminui a significativa contribuição histórica desse casal na consolidação do patrimônio. Porém, é essencial aplicar um senso crítico ao tentar atribuir uma única vertente — religiosa ou familiar — à historicidade de um local. Tanto os Magalhães (Macários) quanto os Machados ou quaisquer outras famílias não citada que viveram no lugar no oitocentista desempenharam papéis importantes na constituição do patrimônio de Santa Rita do Pontal. Donatários ou meramente moradores, colaboraram, a seu modo, para o crescimento de Pontalina, e seus nomes estão gravados na memória histórica (ROSA, 2024, p. 61).[19]

Motivações para a doação e o papel da Igreja

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A doação de terras para a Igreja, mais do que um ato de fé, era uma prática comum na época, motivada por diversos fatores. No caso do Pontal, a doação, visava consolidar o povoado, garantir a posse da terra pelos primeiros posseiros (Lei do Padroado), a criar assim, um ponto de referência para população local, onde a igreja assumia a questão cartorial do estado. A Igreja Católica, por meio desse sistema, exercia forte influência na administração provincial, atuando como agente organizador do espaço evitando possiveis contenda com novos posseiros.

Alencar (1993) esclarece que na época, em todo território da província de Goiás, a introdução do Registro Paroquial, conhecido “Registro do Vigário”, representou um marco importante. Nesse contexto, a responsabilidade de documentar as terras foi atribuída aos párocos, embora fosse reconhecido que esses registros não conferiam direitos legais plenos de propriedade, visto que, a própria Província goiana, carecia de dados substanciais, refletindo o desconhecimento generalizado, tanto por parte das autoridades locais e provinciais quanto do Governo Imperial, sobre a realidade fundiária do estado (ALENCAR, 1993, p. 124);[20]

Pontalina no início do século XX

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No início do século XX, o distrito de Santa Rita do Pontal fazia parte do município de Morrinhos, conforme registrado no Recenseamento Geral de 1920. Naquela época, a localidade começava a desenvolver condições para alcançar autonomia política e administrativa, um processo que se intensificou por volta de 1935. Esse movimento em direção à emancipação foi impulsionado pela política de modernização e descentralização promovida pelo governo de Getúlio Vargas, assim como pelo governador de Goiás, Pedro Ludovico.

Um dos principais líderes locais, o Sr. Onofre Gonçalves de Andrade, teve um papel determinante nesse processo. Ele não apenas liderou o movimento pela emancipação, mas também arcou com as despesas necessárias para a criação do novo município. Com isso, através do Decreto-lei nº 329, de 2 de agosto de 1935, o distrito foi elevado à categoria de Vila, separando-se oficialmente de Morrinhos. A Vila de Santa Rita do Pontal foi instalada formalmente em 1º de janeiro de 1936.

Poucos anos depois, em 31 de outubro de 1938, por meio do Decreto-lei nº 1233, a Vila de Santa Rita do Pontal foi elevada à categoria de cidade, recebendo o nome de Pontalina. Esse reconhecimento marcou uma etapa importante no desenvolvimento da região. Em 1947, o município de Pontalina conquistou mais um passo significativo em sua trajetória ao desmembrar-se da comarca de Morrinhos, passando a ter sua própria comarca, conforme previsto no artigo 8º do Ato das Disposições Transitórias. Esse avanço consolidou a autonomia jurídica e política da cidade, garantindo maior representatividade e infraestrutura para a população local.[21]

Comunicação

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Pontalina conta com 4 meios de comunicação, são eles: TV Anhanguera Itumbiara, TV Serra Dourada, TV Brasil Central, e uma rádio local Radio Fênix,[22] que pode ser sintonizada na frequência 98,7 fm.

Em Pontalina, a confecção de roupas intimas é uma importante fonte de renda na cidade com mais de 100 empresas de confecções em 2013, que produziam até 1 milhão de peças por mês.[23]

Religiosidade

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Igreja São Francisco de Assis - Pontalina
Igreja São Francisco de Assis - Pontalina

A cidade conta com a maioria da população de fé católica. A padroeira da cidade é Santa Rita de Cássia, que recebe homenagem todos os anos a partir da Festa de Maio ou Festa de Santa Rita de Cássia, feriado municipal em 22 de maio.[24]

A cidade de Pontalina é marcada pela presença de três cursos d'água que contribuíram para a formação de sua paisagem. Dois desses cursos, de menor vazão, foram gradualmente integrados à malha urbana, enquanto o terceiro, o Ribeirão Mateiro, ainda atravessa a porção sul da cidade. Esses corpos hídricos, conhecidos como Córrego Lava-pé, Córrego Rola-bosta (nome popular) e Ribeirão Mateiro, definem a região denominada "pontal," que deu origem ao nome da cidade. Assim, o termo "pontalina" pode ser entendido como "filhos do pontal", "oriundos da localidade do pontal", ou ainda, "aquele que nasceu no pontal".

Portal Pontalina-GO
Portal de Entrada da Cidade - Pontalina

Referências

  1. «Candidatos a vereador Pontalina-GO». Estadão. Consultado em 6 de julho de 2021 
  2. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (27 de agosto de 2020). «Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2020». Consultado em 28 de agosto de 2020 
  4. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  5. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
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  18. ANTONIETA, Maria (2006). Pontalina em Verso e Prosa: Homenagens às Famílias Pioneiras. Pontalina, Goiás: Prefeitura Municipal de Pontalina, Departamento de Cultura, Gestão 2005/2008. p. 17 
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  20. ALENCAR, M. A. G. Estrutura fundiária em Goiás: consolidação e mudanças (1850/1910). Goiânia: UCG, 1993. 180 p. (Teses Universitárias).
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  23. Fern; GO, a Borges*Do G1; Pontalina, em (15 de outubro de 2013). «Cidade de Pontalina se destaca entre os polos de moda íntima em Goiás». Goiás. Consultado em 6 de outubro de 2021 
  24. Lei Ordinária 1579/2019, Prefeitura de Pontalina. «Feriado Municipal» 

Ligações externas

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